Parece que mais uma vez um governador eleito no Tocantins não vai terminar seu mandato. Nesta quarta-feira, 03 de setembro, Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi afastado por 180 dias. A Polícia Federal (PF) revelou que recursos direcionados para reduzir impactos da pandemia Covid-19 entre 2020 e 2021 podem ter sido desviados em um esquema liderado pelo vice-governador na época dos fatos, envolvendo compra de cestas básicas e frangos congelados.
A decisão do afastamento, assinada por Mauro Campbell, um dos 15 ministros da corte especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi validada pelos demais membros, de forma unânime e com apoio do Ministério Público Federal (MPF). Endereços de diversos políticos, incluindo deputados estaduais de mandato e ex-deputados estaduais foram alvo de buscas. Até a 1ª dama Karynne Sotero foi afastada da função de secretária extraordinária de Participações Sociais.
Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. As investigações, que tramitam sob sigilo no STJ, fazem parte da operação Fames-19, que faz alusão a palavra “fome”, do latim + o ano de 2019, quando a pandemia teve início. Esta é a 2ª fase dos trabalhos, que apuram prejuízo estimado aos cofres públicos na ordem de R$ 73 milhões.
Wanderlei se manifestou afirmando que não era ordenador de despesas entre 2020 e 2021 e classificou seu afastamento como “medida precipitada”, apesar de confiar no trabalho da Justiça. Karynne Sotero afirma que não possui relação com os fatos apurados e os deputados alvo de buscas dizem que apenas direcionavam os recursos que eram investidos pelo Governo do Estado. Sendo culpados ou não, os fatos apontados são graves e deixam a todos perplexos.
16 anos e nenhum terminou
O Tocantins já registrou seis governadores afastados desde sua criação em 1988, incluindo Marcelo Miranda (duas vezes), Carlos Gaguim, Sandoval Cardoso, Mauro Carlesse e, agora, Wanderlei Barbosa. Siqueira Campos renunciou em 2014, se afastando voluntariamente. As razões dos demais vão de cassação eleitoral a suspeitas de corrupção, refletindo a histórica instabilidade política deste cargo eletivo. Nos últimos 16 anos, nenhum terminou o mandato.
O vice é quem assume agora
Laurez Moreira, recém-filiado ao PSD, assume o comando do governo estadual durante o afastamento de Wanderlei. Com longo histórico na vida pública, o novo chefe do Executivo Estadual já foi prefeito por dois mandatos em Gurupi e ainda Deputado Federal. Apesar de ter sido eleito junto com o governador afastado, não vinha tendo relação tão próxima com ele, tanto que decidiu se filiar na sigla do maior opositor do mandato de Wanderlei Barbosa, o senador Irajá Abreu.