(Reflexão em Mateus 6:9–15 Oração do Pai Nosso)
Há momentos em que o perdão parece um caminho longo demais, pesado demais, quase impossível de ser percorrido. No entanto, quando Jesus nos ensinou a orar dizendo: “Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos nossos ofensores”, Ele nos convidou a olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer que a cura da alma passa, inevitavelmente, por esse gesto tão desafiador.
Perdoar não é um ato automático. Não nasce de um comando, mas de um processo interior. Muitas vezes, carregamos dores antigas, palavras que marcaram, atitudes que feriram, lembranças que insistem em permanecer. E é justamente aí que o perdão começa a nos tocar: quando entendemos que guardar mágoas nos prende, enfraquece a alma e nos impede de seguir adiante.
A Bíblia nos lembra que Deus nos perdoa, e esse perdão é sempre um ponto de partida. Quando compreendemos a graça que recebemos, nosso coração se abre para oferecer aos outros o que também recebemos do Pai. Não porque seja fácil, mas porque é necessário. Jesus deixa isso claro em Mateus 6:14–15: a falta de perdão fecha portas; o perdão as abre.
Perdoar não significa esquecer, nem minimizar o que aconteceu. É apenas deixar que Deus trate a ferida, sem permitir que ela continue governando nossas emoções. É confiar que Ele sabe restaurar o que foi quebrado e curar o que parecia incurável.
E quando olhamos para a Palavra, percebemos que o perdão sempre traz transformação. Pedro, que negou Jesus, encontrou graça onde esperava condenação. O homem gadareno, antes dominado pelo mal, foi restaurado e devolvido à vida. Assim também acontece conosco: quando o perdão toca nossa história, algo novo começa.
Perdoar também é um ato de amor a si mesmo. É libertar o coração do peso que o cansa, é permitir que a paz volte a encontrar lugar dentro de nós. E, sobretudo, é reconhecer que precisamos da ajuda de Deus para dar esse passo. Ele nos convida a buscar cura, a deixar o orgulho de lado, a permitir que Seu Espírito Santo faça o que nós não conseguimos sozinhos.
Efésios 4:32 e Colossenses 3:13 reforçam essa postura: “Perdoem-se… assim como Deus os perdoou em Cristo.” É um chamado para vivermos mais leves, mais conscientes da graça, mais atentos à paz que só o perdão pode oferecer.
Assim, ao refletir sobre o perdão, percebemos que ele não é um peso, mas um presente. Não é uma exigência dura, mas um caminho de libertação. Um convite para que a alma seja curada e para que o coração volte a respirar esperança.
Que Deus nos ajude a trilhar esse caminho — não de forma apressada, mas sincera. Porque o perdão é, antes de tudo, um processo de cura, e a cura sempre começa no coração que decide confiar no amor de Deus.
