O Brasil vive, há anos, aprisionado numa lógica de extremos que transforma qualquer debate público em campo de guerra. Nas redes sociais, militâncias inflamadas disputam narrativa como se o país coubesse apenas em duas cores, ignorando que a realidade é mais complexa e muito mais ampla. A edição recente da revista Veja escancara um fato que muitos preferem ignorar: a polarização não representa a maioria dos brasileiros — apenas 11% do eleitorado se encaixa nos polos radicais.
Segundo o levantamento citado pela revista, 54% da população compõe o grupo dos chamados “invisíveis”: cidadãos que não estão nas trincheiras ideológicas, que não publicam palavras de ordem, que não fazem das redes seu palanque permanente. É gente que trabalha, que enfrenta baixos salários, fila na saúde, inflação no mercado e insegurança na porta de casa. Para esse brasileiro comum, pouco importa quem grita mais alto; importa quem apresenta soluções reais.
Esses milhões, menos escolarizados em sua maioria, mais religiosos e conservadores em costumes, rejeitam o radicalismo e esperam algo simples: eficiência. Querem emprego, escola que ensine, hospital que funcione e um Estado capaz de enfrentar o crime organizado com firmeza, mas sem espetáculo. Não buscam salvadores da pátria. Buscam responsabilidade.
A classe política, porém, vive fascinada pelos extremos. Esquerda e direita se engalfinham diariamente, como se o destino do país dependesse de hashtags ou de discursos inflamados. Mas essa maioria silenciosa observa — e decidirá 2026. Não por paixão, e sim por pragmatismo.
Como analista jurídico e alguém que se identifica com a centro-direita responsável, defendo que o Brasil precisa reencontrar o caminho do equilíbrio. Nem autoritarismo disfarçado de ordem, nem populismo travestido de justiça social. Precisamos de políticas públicas sérias, baseadas em resultados, e não em identidade ideológica.
O futuro do país não está nos extremos que berram, mas na multidão que trabalha em silêncio. É hora de ouvi-la. É hora de governar para quem quer soluções — não para quem vive do conflito.
