A má distribuição de pediatras no Tocantins impõe barreiras importantes ao cuidado menores de 18 anos. O estudo Demografia Médica no Brasil 2025, da Universidade de São Paulo (USP), revela que o Estado possui apenas 299 pediatras para atender 476.359 crianças e adolescentes em todo o território.

 

Menos de 10% desses especialistas atuam fora das duas maiores cidades, Palmas e Araguaína. A maioria está concentrada nos maiores centros urbanos, dificultando o acesso ao cuidado infantil contínuo no interior do Estado. Isso prejudica diretamente a prevenção e o tratamento precoce de doenças diversas.

 

Guaraí é considerada privilegiada nesse cenário, com sete pediatras atuando no município. Apesar disso, nenhum deles atende nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e quase todos preferem trabalhar em clínicas particulares, deixando desassistido o único hospital público que atende + de 20 municípios da região.

 

A pesquisa da USP mostra ainda que + de 90% dos pediatras em todo o país escolhem trabalhar nas capitais ou cidades com até 300 mil habitantes. Apenas 0,5% optam por prestar serviços em municípios pequenos do interior, aprofundando a desigualdade regional no acesso à saúde infantil especializada.

 

Como consequência direta dessa desigualdade, muitas crianças só recebem atendimento quando a situação clínica já está agravada. Isso sobrecarrega hospitais de referência, como o Hospital Geral de Palmas (HGP), cujas equipes trabalham no limite, enfrentando aumento na demanda e poucos recursos.

 

A crise se agrava com a falta de estrutura hospitalar adequada nos municípios e a baixa remuneração oferecida aos especialistas. Sem incentivos à fixação desses profissionais no interior, o Tocantins continuará e os municípios vão continuar falhando na garantia de cuidado básico às crianças mais vulneráveis.