A América Latina tem apenas 8% da população mundial, mas registra 25% dos assassinatos do planeta. Segundo dados das Nações Unidas (ONU), esta é a única região que tem observado aumento constante da violência letal. Quatro países desta região lideram este ranking: Brasil, Venezuela, México e Colômbia.

 

Em 2017, o Brasil, com uma população total de 209,3 milhões, bateu o recorde de assassinatos em um único ano, com 63.808 vítimas (31 mortes violentas para cada 100 mil habitantes). O México também bateu seu próprio recorde. O país tinha na época 129,2 milhões habitantes e registrou 31.174 homicídios.

 

Entre os homicídios registrados no Brasil, 8% são cometidos pelas polícias, o que representa 5.114 mortes em 2017. São 14 pessoas mortas pela polícia por dia, um número 20% maior do que em 2016. Ainda conforme os dados da ONU, o crime organizado e o tráfico de drogas estão por trás da maior parte destas mortes.

 

O Brasil é o maior consumidor de cocaína e crack produzidos na Colômbia, Peru e Bolívia, e é também rota para o comércio entre Europa e Ásia. Entre os estados brasileiros com maior número de assassinatos registrados no ano passado estão o Acre e o Ceará, territórios que servem justamente de rota para o tráfico.

 

Todo ano, o país perde mais de R$ 365 bilhões com a criminalidade. O curioso é que o investimento em segurança pública cresceu 170% entre 1996 e 2005. O Brasil gasta em média 5,5% de suas riquezas, Produto Interno Bruto (PIB), com segurança, sistema prisional ou gastos indiretos resultantes da violência.

 

A ONU sugere que este problema só será minimizado com um planejamento de longo prazo, executado pelos próximos 20 anos. Entre os investimentos sugeridos está a redução das desigualdades e da corrupção, inclusive na própria polícia, além de uma melhor qualificação das forças de segurança preventiva e investigativa.