Opinião

UM TIRO QUE MATOU UM POUCO DE NÓS!

Foto de Marcos André Silva Oliveira

O nome dele é Dhemis Augusto Santos, de 35 anos, o vigilante morreu enquanto buscava o sustento e a dignidade, ele tombou diante da arrogância, da covardia, da sensação de que há uma parte de nós que pode tudo, enquanto a outra não pode nada.

 

Nos comentários pelas redes sociais as pessoas aproveitam para se digladiarem buscando a culpa pelo homicida, supostamente, pertencer a esta ou aquela sigla, mas, queiram ou não meus irmãos, não é sobre o partido, a ideologia, esse tipo de gente sempre esteve entre nós, ceifando vidas de inocentes, de outros tantos Dhemis, que buscam apenas subsistir em um país tão desigual.

 

Já tivemos vigilantes, moradores de rua queimados enquanto dormiam, por pessoas que diziam está “apenas brincando”, já vimos aos montes ricos e famosos, se embriagarem e usarem seus carros como armas letais, apenas por que se veem como parte de uma sociedade para quem o sistema de justiça, segundo eles pensam, não os alcança.

 

Amanhã, as manchetes terão outros assuntos, igualmente estarrecedores, mas, o tiro no abdômen continuará a sangrar naqueles que continuarão buscando, ao menos entender, porque alguém sai de casa, armado, para furtar de um vigilante, seus dias.

 

Não há como esquecer que quando todos estiverem brindando o Natal, ou a chegada de um ano novo, os amigos e familiares de Dhemis estarão sem saber se a justiça será feita, olhando para a mesa e percebendo que ali falta um sorriso, um abraço, uma piada contada repetidas vezes, e por outro lado, sobra tristeza, angústia e o desespero diante da falta de respostas para esse absurdo.

 

Estranho pensar que Dhemis Augusto morreu por ser um bom funcionário, sim, o crime aconteceu depois de uma discussão sobre estacionamento irregular do homicida, que não gostou de ser questionado em sua certeza absoluta, e como represália alvejou o abdômen de quem só queria levar o sustento para casa.

 

O tiro matou não apenas um ser humano, ele retirou de uma família uma fatia expressiva da felicidade e isso não pode ser silenciado. Que a morte desse vigilante não seja esquecida e que seu algoz encontre no desconforto de uma cela fria o desespero por saber que seu crime não dormirá o sono da impunidade.

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